Idealizado em 2005 pelo pesquisador Richard Negroponte, o computador educacional OLPC XO-1 foi criado com a nobre intenção de levar a tal da revolução digital a salas de aula de países pobres ao redor do mundo. Mas, distribuído desde 2008 e com 2,5 milhões de unidades espalhadas em 42 países, ele parece não ter efeito revolucionário na educação dos locais em que está presente, pelo menos na opinião do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
De acordo com a instituição, o pequeno computador verde não melhorou o desempenho dos estudantes das escolas públicas do Peru, país que tem uma das educações mais deficientes do subcontinente (pois é…). No levantamento, foram pesquisados os resultados de alunos de 319 escolas do país. Os números mostram que o uso do OLPC não representou qualquer melhora nos índices de aprendizado de línguas ou matemática em relação às crianças que dispunham de uma educação “convencional”, com lousas tradicionais, lousas e giz.
Além disso, os OLPC não representaram ganhos de atenção e aumento de tempo dedicado a tarefas escolares dentro ou fora de sala de aula. Mesmo carregados com 200 livros, também não aumentaram os índices de leitura: em média, cada criança leu apenas cinco livros em casa nos últimos 15 meses.
“Foi sugerido que o uso de computadores iria aumentar a motivação dos alunos, mas os resultados nos apontam em outra direção”, diz o relatório do Banco (.pdf) .
Os resultados foram similares a levantamentos feitos por outras instituições a respeito do uso de computadores em sala de aula. Desde 2007 o estado norte-americano do Maine adotou a política de um laptop por aluno, e até agora os estudantes não apresentaram diferenças notáveis de desempenho.
A constatação mais notável dos levantamentos sobre o uso de computadores em sala de aula foi feita em 2010 pelo governo de um estado australiano, que constatou que ˜liderança é crucial” no uso de tecnologias em salas de aula.
Ou seja, para terem sucesso em sala de aula, alunos equipados com computadores precisam, olha só, de bons professores.
Com informações: The Verge e The Economist